Enquanto houve porta, entrei.
Voltei ao passado para encontrar uma fonte inesgotável de lembranças
E por lá, bobo me vi
Por um dia acreditar que as palavras verdadeiras tivessem o poder de tocar
Fazer refletir, lembrar, enaltecer, revelar, trazer, unir, aproximar
Revivi versos, trechos, partes que revelaram momentos apaixonados
Procurei resgatá-los, apesar da certeza de que não cumpriram seu papel exatamente
Me servem hoje, anos depois, apenas para eu rememorar a intensidade inspiradora
Ao fechar os olhos
Vivenciei sonhos de um futuro ao teu lado
Os encontros embalados nas cantigas escolhidas em comum
Lembrei o primeiro beijo e o último, as idas sem voltas e as voltas acaloradas e saudosas
Sim, fostes muitas vezes fazendo-me acreditar em últimas partidas
Voltaste acendendo a chama do meu coração, por crer em dias melhores e sempre ao seu lado
Esse passado de glórias repentinas e fugazes tantas vezes me fez sorrir
Mas também me fez chorar por cada dia longe, convivendo com a dor da tua ausência
Nunca fechei uma porta sequer
E todas que surgiram à minha frente eu abri, pois delas eu tinha as chaves
Enquanto pude encontrar portas, eu as abri
Até que num fatídico dia e com as chaves na mão,
Sorrindo por te encontrar após uma daquelas partidas para sempre
Descobri que não havia mais porta
Aquela sua ida decretou a nossa prolongada despedida
Mas as chaves guardei
Por ousar acreditar que um dia nova porta surgirá.
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