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Mostrando postagens de 2021

E tudo passa e não se esquece...

Já se passou tanto tempo E confesso que não imaginei chegar inteiro até aqui Pensei que eternamente parte de mim não fosse curar Que nunca mais pudesse ver a primavera chegar e me emocionar com o desabrochar das belas flores novamente, de peito aberto e seguro Aquele rosto que me consumiu tanto ao não sair de mim por horas a fio E os beijos que me fascinaram e sua falta foi o pranto em si Enfraqueceram o esquecer Mas os que não passavam, uma vez juntos e somados, fizeram-me chegar até aqui E então  Creio que sobrevivi Aportei em um porto seguro Mas... A dor passou, de fato E pelas obras do tempo que hoje reputo como implacável  Na prática da fuga, transformei essas dores nas palavras que marcam meu coração como as tatuagens E no final das contas Por essas lembranças que a vida plantou  Descobri que nunca, verdadeiramente, vou te esquecer.

Demos Bandeira!

Não dê conversa Não dê Bandeira! E crescemos nesse tom para afastar quem deveria ficar por lá Mas como conselhos por vezes esvaiem-se pelos ouvidos Demos Bandeira! E fomos invadidos pela musicalidade, pelo encantamento grave, inebriados pelo dom, nos vimos apaixonados pelo artista Demos Bandeira! E o que se viu foram únicos feitos subindo aos palcos e, delicadamente, com a sutileza dos furacões, nos deslumbrou e marcou como um dos nossos mais completos artistas Barry Walter, ou Bandeira White que fez da nossa Belém um celeiro de palpites, musicalidade e contradições Porque foi assim No justo instante em que o mundo era quase nosso Ele se foi daqui Clamamos por sua volta! Não há canção sem teus olhos Nem as manhãs são as mesmas com seu adeus Aos gurus da humanidade, que pregam os afastamentos e pretendem nos livrar de tenras conversas Por ele toda uma cidade fugiu da linha E da saudade faceira, teimou e contrariou Para todo e sempre Damos Bandeira! (Homenagem póstuma...

A imortalidade do amor

Há certo tempo, li algo escrito por Alexandre Inagaki em seu blog, cujo tema era "Pequeno Tratado Sobre a Mortalidade do Amor".  Ousei falar do amor e, sob minha ótica, enquanto imortal. A imortalidade do amor Na tentativa de "destratarem" o amor, ouso defendê-lo como imortal... O amor sobre o qual escrevo não morre; é o verdadeiro e inabalável, incomensurável. Todos, absolutamente todos levam-no no coração... Falo de um amor que une e jamais separa; de um amor que clama e jamais reclama; um amor belo, majestoso, ao tempo que suave, quente como o sangue que pulsa dentro de nós!!! Um amor que não se busca, simplesmente está. Prefiro falar desse amor, que a todo minuto nasce um, cresce, revigora-se e jamais acaba!!! Do amor que falo não há quem possa se furtar... Tem autoridade por si só; é completo, inteiro. Irrenunciável e imortal... O amor que falo nos faz sentir uma saudade gostosa e eterna, ainda que estejamos ao lado; faz nosso peito acelerar quando...

Lágrimas

“As lágrimas são o sangue da alma.”  (Santo Agostinho) “Não há no mundo palavras tão convincentes como as lágrimas.” (Lope de Veja) Quando um brilho começa a se formar no olhar, tornando-se intermitente, Produz... Aquelas que traem a fortaleza dos que se consideram imortais... Aquelas que lembram aos brancos que são iguais aos negros... Aquelas que desmoralizam os ricos quando acima se colocam dos pobres... Enfim, aquelas que nunca discriminam, mas que apenas fazem lembrar... Do quanto somos iguais e insignificantes perante o CRIADOR... Divina ligação, benditas LÁGRIMAS... Que por meio de um piscar dos olhos, começam a escorrer por entre a face e o ar, estabelecendo-se, a partir de então, uma conexão entre o homem que se vê no espelho e aquele que se esconde nas profundezas invioláveis da alma... LÁGRIMAS... Um amor sincero... Um sentimento que transcende a razão, tornando-se incontrolável a emoção... Gotículas mágicas que fazem o prazer caminhar ...

Recomeçar

Doei meu eu, a você entreguei Por dar de mim demais Nas desventuras do amor A certeza O eterno doador sempre perde Não ganha jamais Fui à mingua Sofri e chorei Caí E no muito desse tempo Pelo chão mesmo fiquei Os românticos podem ser extintos Um mundo tão frio não os atende No silêncio das sordidas entrelinhas A solidão resplandece Na vida dos que amam sozinhos Sem retorno, o amor sempre cala Nem por fortuito aparece Na busca do próprio eu Os desejos um tanto quanto egoístas As práticas tem furtado mútuas conquistas E as respostas vão privilegiando apenas um E enquanto a felicidade tem se revelado apenas em ti Eu, aqui do lado Estou cada vez mais longe O quanto tem sido raro sorrir Cada vez menos dois se revelam únicos Irriquietos, imediatistas, busca-se o eu E assim tens te afastado de mim.

Enquanto houve porta, entrei.

Voltei ao passado para encontrar uma fonte inesgotável de lembranças E por lá, bobo me vi Por um dia acreditar que as palavras verdadeiras tivessem o poder de tocar Fazer refletir, lembrar, enaltecer, revelar, trazer, unir, aproximar Revivi versos, trechos, partes que revelaram momentos apaixonados Procurei resgatá-los, apesar da certeza de que não cumpriram seu papel exatamente Me servem hoje, anos depois, apenas para eu rememorar a intensidade inspiradora Ao fechar os olhos Vivenciei sonhos de um futuro ao teu lado Os encontros embalados nas cantigas escolhidas em comum Lembrei o primeiro beijo e o último, as idas sem voltas e as voltas acaloradas e saudosas Sim, fostes muitas vezes fazendo-me acreditar em últimas partidas Voltaste acendendo a chama do meu coração, por crer em dias melhores e sempre ao seu lado Esse passado de glórias repentinas e fugazes tantas vezes me fez sorrir Mas também me fez chorar por cada dia longe, convivendo com a dor da tua ausência Nunca fe...