O que me restou!
Andei e andei
Vaguei perdido distante de mim
Olhava tudo e não via nada
Ao redor apenas reflexos
À frente até o chão me faltava
Completamente desguarnecido
Sem horizonte, um breu potencial
As sombras ofuscavam as trilhas
E o vento já havia levado as migalhas do caminho de volta
E foi assim
Dias
Meses
Noites de fúrias atordoantes
Pensei mil vezes em fugir daqui
Sem saber ao certo pra onde ir
Largar de mão o que construí
Sem sentido tudo parecia pra mim
E segui por aí
Sem escora, sem encosto, sem onde me apoiar
E por dentro
A única coisa que sentia
Era a profundeza do vazio
Do coração pulsar ao relento
Por fora, as pernas sem movimento
Quanta dor causa um amor quando se vai
Nunca vai leve
Leva consigo nossa autoestima
E deixa enraizada a solidão
Que dor
E a vontade de lhe ter de volta alimentava a única ponta lúcida
Um engano
A esperança se perdeu no dia exato em que num esbarrão de céu
Tu me viste e sumiste por entre a insólita escuridão
Restou-me um futuro perdido
O destino, espero que cuide,
pra que eu não morra só
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